Vento de meu invento

"Vento de meu invento" é um projeto de livro que pretendo um dia publicar.


        
        Vento de meu invento
Pedro Oliveira







A poesia vive!
Definitivamente a poesia não morreu! Alguns pensavam que para que a poesia sobrevivesse diante da hodierna crise literária, fosse imperativo uma inescrupulosa aliança com vocábulos tecnológicos. Estupidez! Definitivamente a poesia vive! E vive não de miscelâneas com formas pseudo-simbólicas, mas em vida experenciada, ativa e vibrante em tantos poetas e poemas esparsos no mundo da vida.
Eu diria que a poesia tem se valorizado cada vez mais, por ora, se fez pedra preciosa, que precisa ser perseguida como ave esguia, encontrada com admiração, lapidada com desvelo! Somente os que se deixam atrair por ela, que a amam com a própria vida, é que são verdadeiros conhecedores de si e são capazes de encontrar “a morada do ser”, tal qua apregoaval o Filósofo de Friburgo: “a poesia é a comemoração do ser”.
Quando Rilke descrevia o que significa amor em uma de suas “cartas a um jovem escritor”, na verdade, descreve o que é a poesia e de onde ela brota:
O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, 
tornar-se algo em si mesmo, 
tornar-se um mundo para si, 
por causa de um outro ser; 
é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, 
uma escolha e um chamado para longe. 
Do amor que lhes é dado, 
os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos.
(...)
Creio que aquele amor persiste tão forte e poderoso em sua memória justamente por ter sido sua primeira solidão profunda e o primeiro trabalho interior com que moldou a sua vida.

     Ora, a poesia se encaixa perfeita e plenamente na palavra amor, pois ela é aprendizado, é “um convite a trabalhar em si mesmo”. A poesia é amor que nasce da crueldade da solidão e de suas cicatrizes, que precisam ser curadas todos os dias.  A poesia é a dor da solidão da vida que grita dentro do poeta. Esta é a poesia de Pedro Oliveira: vida que se manifesta de forma miraculosa no esmero da palavra.
Mas a palavra sozinha não é nada. E a versificação métrica e rítmica seria menos ainda se não fosse aquilo que chamo de “sentença psicológica” ou “expressão forte”, que confere a singularidade do poema e provoca no outro (porque o bom poema é sempre um eu que fala a um tu) o espanto do inédito. A poesia de Pedro Oliveira se distingue por esta vox fortis, que em cada poema interpela nossa alma a reviver dentro de si os tempos, os lugares,  os sonhos e amores que ela carrega como pedra rara e reluzente. E a meu ver, é naquele inusitado poema dos tricôs, que o poeta consegue transladar, de forma sensível e extraordinária, a vida para a palavra, e palavra por palavra se une na maravilhosa vox fortis do desfecho do poema, interpelando-nos, exigindo-nos a urgência da reflexão:

Na tricotadeira, tricota,
No tricolor do tricote,
Tricota o tricô.
Trinta tricôs tricolores
E vai,
     Tricotando
      Tricotando
        Tricotando...
Tricotando sem parar...
 Ah dona Maria! O que você não tricotaria?

Que é a vida, senão um “tricô laborioso”, que todos os dias tricoteamos ora com mais cores, ora com menos? Quem não se vê nesta “dona Maria”, que sabe que seu tricô deve continuar e que tantas vezes sua vida é um tricotear coisas que lhe parecem “intricoteáveis”? A poesia vive em Pedro Oliveira, e vive porque ele a ama e a busca como a luz da alma. Mas o poeta sabe também que só buscá-la não basta, pois ela é exigente, sorrateira, e às vezes, até esnobe:
Tentei já escrever poesia sem ela estar comigo
Mas em vão tento, pois penso eu meu amigo
Que quanto mais a quero mais fico sem
Pois quando desejada fica calada
E quando não lembrada
Eis que vem...



Sem dúvida, ler a poesia de Pedro Oliveira é ter a coragem de ser interpelado, instigado, indagado pela vida. Sua poesia não fala exclusivamente de si ou a si mesmo, mas simultaneamente fala a nós e de nós.  “O vento que inventei” é um “livro da vida”! É poesia viva de vida vivida intensamente! Nele a pedra lapidada brilha radiante e quem se deixa transpassar por este brilho, desvenda diante de si a cortina do mistério que envolve a vida e o amor.

Caconde, novembro de 2017.
Pe. Ricardo Ramos.






Cuida-te!

Ai de ti homem mentiroso
Que faz das lágrimas teu gozo
Poupa-te de escassos esforços
Pois se mal fazes, terás teu castigo
São teus próprios males que levarás contigo
Sobrando-te assim apenas sombrios remorsos

Temas meu caro, e que viva teus medos
E tuas mentiras revelarão teus segredos
Cuides-te bem, e reparas tuas infâmias
Que não seja desculpa o que te falta
Para contrariar a Deus, qual mesmo ressalta:
“Após a dor virão tuas alegrias”

Deus te dera muitos talentos
E mesmo que tenha ímpetos tormentos
Digo-te: não lances a âncora ao mar
Navegues pois, superando toda alta maré
Pois se dentre tudo sobressair à fé
Terás alegria plena sem cessar

Caro homem cuide bem dos dons teus
Eis que conheces os ensinamentos de Deus
E talvez tu ganhes o prêmio eterno
Por que mesmo com toda tua maldade
Deus lhe da à liberdade
De escolher entre o céu e o inferno
Poesia publicada no livro “Poesia e prosa no Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de Janeiro”.





Sozinho na multidão
Sinto-me livre, porém, encurralado
Vagueando sozinho e muito acompanhado
Lutando com um caminho cujo espaço é determinado

Não tem ninguém comigo
Não tenho nenhum amigo
Se reto sigo, logo brigo. Por não ter abrigo

Um passo pós outro com cautela
Eis o racional (sentinela)
Quem eu tinha, não tenho mais. Onde está ela?

Eu tenho coração
Seria mais fácil então
Estar com alguém do meu lado e fora da multidão
Poesia publicada no livro “Poesia e prosa no Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de Janeiro”.





Tricote tricolor

Tricota
 Tricota
  Tricota
   
     Mas tricota sem parar,

      Sorria...
                                  Mas tricotando
Tricotando
  Tricotando
     Tricotando

Tricotando sem parar...


Na tricotadeira, tricota,
No tricolor do tricote,
Tricota o tricô.
Trinta tricôs tricolores
E vai,
     Tricotando
      Tricotando
        Tricotando...

Tricotando sem parar...

  Ah dona Maria! O que você não tricotaria?
Poesia publicada no livro “Poesia e prosa no Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de Janeiro” & Certificado de Menção Honrosa no concurso “1º concurso nacional de poesia Poetizando o mundo”.





Anônimo viver
Sabe do oculto, tal inculto
Vencido pela curiosidade
Um cacto, um caco, só e calado
Inútil!
Designado tal mascarado
Anônimo em seu pensar
Esconder é seu dever
Mostrar sem aparecer
Revelar, a quem sabe ler
Poesia publicada no livro “Landa Lopes na essência dos poetas” do concurso “Prêmio cultural Landa Lopes”.





 A voz da alma

Tu és ingênuo, sente a necessidade de ser flor e veneno.
És o intérprete, do corpo que compete à magia,
Cala-te por pouco,
Canta calado, por mera ironia.

Observando-te, vou voltado à voz
Veloz, vejo-te calado...

Tu falas feliz,
Com meu olhar
Faz fusão
Faz a faísca forte fulgurante
Flamante e fugaz,
Isso é falso?

Tu és um eco complexo
Que ecoa, e caça coisa escassa, como o próprio reflexo.
És o próprio espelho, que me aconselha.

Trocou tantos olhares como você
Outrora talvez por ter tanto brilho
Azul, como o céu anil, és fértil.

Por pouco és pomposo
Poeticamente, mais poderoso
Hipoteticamente perigoso.

És a escada, com vários degraus,
A luz, que conduz a sombra dos seus
Amores
Lento e lenitivo,
Longe fica lesivo;
Faz falta, quando não está perto do meu.

Nas trevas, és oportuno fulgor,
De ti saem lágrimas, de alegria, de dor.
De ti, saem palavras, rimas,
Maneiras de falar
Jeitos de amar
És quem eu anseio
Imperador dos meus devaneios
És o olhar.
Poesia publicada no livro “Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário”.





(en)canto

Sobre as palmeiras postas em campos
Canta o canário com sons do encanto.

Sabia eu, que o sabia
Assoviaria sua sabia canção

Pássaro que se acha em SÍ
Dá DÓ de ver
A RÉ que faz
SOL pra MI fÁzer
Ver LÁ
O que vejo aqui
Fora de SÍ

Ó sábia canção do sabiá
Canta e encanta
Pra não mais parar,
Canta e encanta
Este lindo canto
Do majestoso sabiá!
Poesia publicada no livro “Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário”.





Sussurro

Escuto um longínquo eco do vento norte
Aposto então minha vida a prol da morte
Sacio minha alma somente com o som dito
Os ouvidos já se mostram cansados
Começa então as vozes dos calados
Voltadas para os sussurros a mercê dos gritos

Consigo escutar o sangue que corre pela veia
Posso sentir o ruído de uma aranha numa teia
O silêncio desperta!
Então contradiz todo o conceito
Reforça a idéia no peito
Sobre a intensidade do sussurro alerta

O silêncio acorda o meu espírito adormecido
Desperta os devaneios esquecidos
E num tom de acorde de minuta
Meu coração chora por batidas aceleradas
E pela minha fraqueza calada
Desperta a todo aquele que me escuta

Escrevo no ritmo do vento que me toca
Distorço os pensamentos que meu cérebro soca
Sinto a forte presença da solidão
Minha boca resseca e ainda fala
Num tom piano do qual quase cala
Mais ainda incorpora voz forte como de uma multidão
Poesia publicada no livro “Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário” & no livro “Projeto literário Delicatta VII”.





Falência

Foi enterrado...
              Penso
Até que nunca viveu.
Posso ter sido eu
Você talvez
Mas por sua vez
Desprezou-me.
Que tal melancolia...
Por que
                 Fizeste isso comigo?
Antes tivesse falado
Deixou crescer o amor, e depois
Foi enterrado...
Poesia publicada no livro “Prêmio literário Valdeck Almeida de Jesus de poesia-2010” no ”VI prêmio literário Valdeck Almeida de Jesus”.





Vosso caminho

Ó Senhor, ó meu Deus
Como é bom, tudo o que é seu.
Tu és o fulgor oportuno das trevas
Tu és...
O onipotente
Puro de alma e mente!

Mesmo sendo como sou
Tu Perdoas minha iniqüidade
Não olha para minha maldade
E me ajudas com sua misericórdia
Tendo piedade.

Ó Senhor, ó meu Deus.
Peço que ilumine minha vida
Que me dê forças para seguir seu caminho
Até a minha partida...

Ó Senhor, ó meu Deus
Ajuda-me a tomar minha cruz
Ajuda-me a fazer a vossa vontade
Faça-me ser Sal, Fermento e Luz.
Pois tenho essa necessidade.
Anunciar o evangelho
Anunciar o vosso perdão
Dizer que só tu és misericordioso
Vós sois a minha verdadeira direção
Poesia publicada no livro “I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.





Presença vossa

Desejamos faze-lo presente.

E que o homem o veja, a sua imagem na nossa.
Que possamos ser semelhança vossa
Para o ser ver
Sua misericórdia

Desejamos faze-lo presente.

Para dar as pessoas um sentido
Abrir os olhos, o ouvido,
E mostrar o verdadeiro sentido
Quem é realmente amigo

Desejamos faze-lo presente

Para que não sirvam a dois senhores
Deixem de lado o dinheiro
Que venha vós primeiro
Antes de tudo.

Tu és o rei.
Sem ti não temos vida
Que nosso sacrifício seja a alma penitente
Para ensinar ao mundo,
Desejamos faze-lo presente.
Poesia publicada no livro “I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.





Já de manhã

De manhã ansioso vos busco
Pois é de ti a força que me conduz
Outrora tu comigo foste justo
Já bem cedo tu és meu foco de luz

Até aqui tu me ajudastes
Com as obras que em minha vida fazes
Ora, não sou eu dono de meu ser.
Mas és tu ó rei do meu viver

Posso não entender a minha história
Mas sei bem que é a melhor
Pois tu senhor rei da gloria
És sábio, e tem compaixão.

Dou graças, vos louvo o dia todo
Em seu caminho aqui estou
Todo dia lembro de ti.
Por isso, e por tudo que me fizeste, graças vos dou.
Poesia publicada no livro “I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.






Amortecer

Tecer amor
Amortecer
A morte ser
Amortecer
Ser amor
Amortecer
Tecer a morte
Amortecer
Tecer e ser
Amortecer
Amor e ser
Amortecer

Amor-te-ser-mais

Amortecer
Amortecer
Amortecer


Amortecer...
Poesia publicada no livro "CNNP - Concurso Nacional de Novos Poetas"




Mosca

Uma mosca mais leve
Que leve uma asa
Que se debata no ar
Ferindo a gravidade
Numa acentuada velocidade
No pleno direito de estar

Uma mosca mais tosca que eu

Mais veloz que um avião
Mais espreita que o camburão

Uma mosca sanguinária
Desenha quadros de sangue meu

Enquanto seu canto em meus ouvidos soar
Enquanto diante de mim se por a bailar
Irei aplaudi-la
Poesia publicada no livro "Poetize 2018 - Concurso Nacional de Novos Poetas" 






 Cabeça de fósforo

Explode tua cabeça
Na contramão do risco
Que se corre





Velha canção da natureza

Quando os raios solares
Aos poucos iluminavam os primeiros traços de terras
Voavam os pássaros pelos ares
Entre as montanhas e no alto das serras

Entoavam um canto bom de ouvir
Adejando bem alinhados
Era primavera, vinham flores a florir
Os beija-flores por sua vez fartados

O canarinho da terra
Que competia à magia
Ali não tinha guerra!
Porém, harmonia

No tic tac do pica pau
Na pauta com a ventania
Ali não tinha guerra!
Porém, harmonia

Os risquinhos que caiam pela montanha
Regavam aquele imenso jardim
E na minuciosa arte da aranha
Vinha àquela realeza cantar assim:

“Ah que bom é! Que alegria!
Apreciar a obra de nosso Deus
Tendo como lema harmonia
Cantamos segundo regimentos seus”


Os animais todos acolhedores
De bom coração! Disso não me esqueci
Lembro-me do perfume dos beija-flores
E das boas vindas do bem-te-vi

Os canários sopranos contra sopros dos ventos
Melodia marcante e bem humorada
Os aquários com grandes ondas marcavam os tempos
E assim também, toda natureza cantava

Somente sinto em conjugar o poema no passado
Sinto muito, algo que um dia não senti
Escrevi somente por mais uma vez ter sonhado
Com a velha canção que um dia eu ouvi





Epitáfio

O fluxo aquele dia estava destruído
Apenas passava um homem peregrino
O tal emitia um som sustenido
Com um velho e misterioso violino

Então bateram em minha porta
Era ele, mendigando por migalhas de pão
Tinha voz rouca e feição morta
E implorava-me sem cessar com plena mansidão

Entreguei-lhe o que me pediu e logo correu meu pranto
Quando ecoou uma voz que dizia: “Faleceu!”
Era fábula! Era sonho! Era puro encanto!

Nada fazia sentido, tudo desapareceu!
Eis que fez sentido quando soube no entanto
Que o homem que bateu em minha porta na verdade era eu





Fogo de Palha

Como migalha,
Um fogo de palha
Tal tenta, mesmo falha.

Chame, chame!

Talvez se ninguém ajudar, o fogo irá se espalhar,
Talvez tivesse que retirar o espantalho
Que está queimando, é dele que vem o fogo.

Há meu Deus!
O que vamos fazer?!
Se esse fogo de palha se espalha, teremos somente migalhas,
E continuará a mesma falha...





Império

Rei, Rei, Rei
E         Rei eu, ela rainha
I                       Rainha somente minha
                                              Minha donzela
R                                                     Donzela que tanto ansiei
E                                                                             Ansiei por ela
I                                                                                                             
                                                                                   Ela, Ela, Ela
R                                                            Que donzela que foi ela!
E                                           Foi-se sem por que.
I                                Sumiu e foi-se 
              Rainha minha, sumiu
Rainha, Rainha, Rainha                                                     
A A 
I       I
N           N
H                H
A                     A

M                            M
I                                   I
N                                       N
H                                            H
A                                                 A





Casa velha

Voavam tapetes nos ares
Xícaras e copos formavam pares
Cantavam notas fundidas em acordes estranhos
Cujos timbres não fundiam com os ouvidos
Eram sons velhos e corroídos
Pelo homem dos noventa de olhos castanhos

Homem tal que ali assombrava
Com velhas músicas que cantava
Até suas exageradas gargalhadas
Emitia canções mortas e esquecidas
Pela incerta partitura da vida
Que quando viva permaneceu calada

Todas as mortas vidraças
Revelavam impetuosas desgraças
Tudo o que ali se escondia
Era segredo guardado como tesouro
Idolatrado como ânsias de ouro
Segredo tal que nem o homem conhecia

Lâmpadas amarelas, estouradas e caídas
Mesas e cadeiras todas destruídas
Rastos de um maldoso passado
Visões incertas de um nervoso rancor
Pressuposições de conceitos de um falso amor
Atos psicóticos não dominados

Máscaras postas em diversos quadros
Teias entrelaçadas em todos os quadrados
Tudo era digno de uma monstruosa fantasia
Porém designava traços poéticos por esconder
O doce sabor de conhecer
O segredo perdido da poesia





 Lixo

Não jogue lixo no lixo!
Porque se você jogar o lixo no lixo
Não teremos lixo
Pra que possamos jogar o lixo.





 Contrários

Creio eu que o marceneiro
Não faça sua própria porta
Seu Luiz ali da esquina é jardineiro
E não tem em sua casa uma horta

É cabeleireira andando despenteada
Manicure com unha quebrada
Polícia indo pra cadeia
Peru fugindo da ceia

Mas tem o piloto, que não tem avião
E também o caminhoneiro que passeia em casa e vive na pista dentro do caminhão

O cantor não canta calado
E o médico também fica machucado

Talvez quando se é sal, tenha que ser açúcar
E quando açúcar, ser sal
É a lei da vida, como dizia meu avô:
“Casa de ferreiro o espeto é de pau”





Oculto que tudo vê

E tudo perfeito ele fez
E por sua intercessão, o pouco (foi)é multiplicado

O bem que fazes sem ninguém saber,
Ele, porém, pode o ver.
Ele te espreita o dia inteiro,
Você livre ou no cativeiro
Não importa tua vida torta.

Por ti ele vela,
No secreto de teu coração
Ele é teu pai
Na noite
A constelação.
Ao dia é a magia
Que brilha e te ilumina,
Tua alegria
Tua sina, e teu guardião.

Na tua tribulação, teu consolo,
Que te leva no colo.
O teu sonho, ele dirige
Teu pesadelo que te aflige,
É o alerta que faz pra você

No terreno baldio, um lugar sombrio,
Ele tudo vê.
E você não o vê.
Ele é oculto,
Mais sempre olha por você
É o mais poderoso e misericordioso
Pois ama os filhos seus
Há ele louvores são dignos
No mesmo oculto,
Demos graças ao nosso Deus.





Fábula

Era uma vez

Duas pessoas que se conheceram

E viveram felizes para sempre...





Poco de amor

Tu eres brillo adecuado en el abismo de las tinieblas
Y en el desierto
Digo palabras
Allá de las palabras por la forma
Pero revela el sentido
Aqui en el abismo
Resultado de mi función con el lirismo
Vuelo en busca de este
Este amor...
¿-Donde estás usted?





 Oda

Tu nombre en las estrellas
És una escritura brilhante
De la luna y todo el cielo
Tiene la atención constante

Fiel y sincera de por vida
No quiero que vá por el saída
Mejor vivir cerca de ti
Puede vivir dentro de mi
Dentro de mi corazón

Estes versículos en armonia
Com el acorde de el sentimiento
Revela el sentido
El que yo siento





 Pra quê rimar?

Pra que rima
Se limão e lima
São quase a mesma coisa?!

Pra que rimar
Se aqui em meu pomar
O gosto é sempre o mesmo?!

Rimar pra ficar bonito?
Esquisito?
Rimar pra enfeitar?
Rimar pra tentar disfarçar o conteúdo?
Pra que rimar em tudo?
Prefiro lima, e não gosto de rima...
Prefiro a concordância, a ficar nesta rimada vigilância

A rima conjuga o rimar
Mas por que então a sina não julga “sinar”?
A não ser o “sinar” do caipira,
O sinal no formal vira,
Mas pra que tanto preconceito no português?

Mas a rima gosta de poeta,
As vezes vem em meu poema por cortejo
E eu nem vejo...





 Morte de ontem

Se ontem tivesse falecido
Não teria obviamente mais um dia vivido
A chance de dizer “te amo” teria perdido
Se ontem tivesse falecido

Se ontem eu falecesse
Perderia meu sonho antes que crescesse
Talvez o amor hoje prevalecesse
Se ontem eu falecesse

Se eu morresse ontem
Não me despediria de ninguém
Perderia a chance de ir mais além
Se eu morresse ontem

Se ontem perdesse a vida
Hoje não procurava tanta saída
Como será que ficaria minha querida
Se ontem eu perdesse a vida?

Se ontem velassem por mim
Hoje não estaria mal assim
Começaria a viver a partir de tal fim
Se ontem velassem por mim


Certamente se ontem tivesse falecido
Talvez tivesse renascido
Se por merecer eternamente teria vivido
A começar de ontem, se eu tivesse falecido...






Do Berço ao Túmulo

Caminhei (...)





Deixa chover...

Chove CHUVA Chove
C
                H
                                       O
              V
                                            E

                                     C
                      H
    U
                                    V
                       A
C
                H
                                O
                                           V
                                                         E
...





 Silêncio

Fale baixo!
Senão sua consciência escuta...
Talvez se ela te ouvir
Irá se fundir a idéia que te imputa

Fique bem quieto!
Se camufle em algum objeto
Na matéria bruta que te atrai
E assim de nada valerá seu suor
Até mesmo o inseto
Será teu tormento!
Será maior!

Sinta o pulso do teu coração
Escute somente ele, e então
Saberá o que fazer

Nunca fale alto
Mas sempre sussurre
E este som que você não dá razão
Incorporará voz forte de multidão





 Pensamentos da meia noite

Os pensamentos da meia noite estavam passando ás três da tarde
Estranhei, mudei a sintonia, mudei de canal
E então os pensamentos voltaram ao normal.

Os pensamentos da meia noite foram parar depois ás sete da manhã
Os pensamentos da manhã sumiram, e ficaram só os da meia noite
Os pensamentos foram trocando de lugar, e de horário
E os pensamentos não respeitavam nenhum fuso horário
Estranhei, mudei de sintonia, mudei o canal

E então os pensamentos da meia noite enfim me deixaram em paz
Os pensamentos da meia noite nem a meia noite apareceram mais
Os pensamentos pensaram por si cada um, entraram em um acordo
Os pensamentos depois de tanto tempo, voltaram em sua ordem

E fiquei louco de tanto pensar em como pensar os pensamentos
Os pensamentos me bateram como um nervoso em domínio ao açoite
Estranhei, mudei de sintonia, mudei de canal
Enfim voltaram ao normal, menos o da meia noite...





 Menina dos meus sonhos

Há sim!
Era a menina dos meus sonhos...

Transbordava uma fulgurante luz
lá no céu a lua cor de prata,
Na casa dela fomos eu e meu violão,
Ela saiu na varanda,
E confessando o que me ditava o coração
Comecei minha serenata:

Ó amada olhe a lua,
Ela é semelhante à imagem tua...
Tu foste oculta durante o dia
Mas doravante pós o poente
Bem eu sabia que tu virias

Ela olhou-me nos olhos sedutora
Entrelaçou seus cabelos na lua
Atirou-se até na rua
E quão magnífica que fora...

Então caminhei três passos
Entreguei-me em seus braços
Gozei de seus beijos
Dos meus anseios e desejos


Cochichou então em meu ouvido
Doces palavras, meigas poesias
E com sua delicadeza
Realizava todas minhas fantasias

E quando ainda noite fui despedir-me
Uma voz grave me despertou
Era meu pai que dizia:
-Já acordou?! Já acordou?!

Há desgraça!
O sonho bom logo passa
Até que tentei reencontra-la
Mas não achei...

Há sim...
Literalmente aquela menina era dos meus sonhos.





 Incertas verdades

Tudo é ilusão! É ilusionário!
Enganosa pressuposição
Estrelas e céus de planetários...

Tudo é sonho! É ilusionário!
Realidade que imponho
Peixes e mariscos de aquários...

Tudo é devaneio! E nada é teu!
São neurônios alheios
Presente momento de museu...

É ilusão! É abstrato!
Falso coração
Encenações de teatro...

A folha amassa! O papel almaço
O incerto caminho que passa
Pela felicidade de um palhaço...

É ilusão! É discórdia!
Falsa canção
Letras ditas de paródias...

É ironia! É voz calada!
Falsa alegria
De um discurso de piada...





Ciclo do cisco

Hoje nasci velho
Acordei numa hora não muito oportuna
Justamente eu que abraçava fortuna
E cegamente via toda a verdade
Me fiz de surdo e nada escutei
Fiquei machucado e nada toquei
Ironizei toda a santidade

Então hoje eu nasci velho
Por tombos foi que levantei
E se aprendi foi porque errei
Assim o mundo começa a ficar pequeno
Pois se você aprende
Logo então se arrepende
De ter bebido o próprio veneno

Ontem eu morri, e hoje nasci velho
E se assim nasci digo adeus ao tempo perdido
Se não mais volta, simplesmente o levo comigo
A vida que caminha para a morte
A morte que dá a vida

Você nasce velho
Morre novo
Depois nasce de novo.





 Brisas Brasileiras

Brandas brisas
Boas e brasileiras

Cabelos atrapalhados
Coisas derradeiras

Brandas brisas
Vindas e voltadas
Para a voz do vento da vitória

Como um acorde de
Violão e viola.
Voam e vem
Vão e voam

Como vozes
              nos ouvidos
                                dos sentidos...

Brandas brisas boas e brasileiras

Venham voltadas a voz de lhes ama
Refresquem as mentes dos seres que lhes chamam

Brandas brisas
Brisas brandas
Brasileiras e boas
Boas e brasileiras





Reflexo

Seja ingênuo
Descreva-me o sabor
Da flor
E do veneno

Seja sagaz
Descreva-me a luz
Da qual te conduz

Seja você
Descreva-me
O mistério que te habita

Sendo eu
Escrevo você

No papel amassado
Com a caneta que falha
Na voz calada
Do fogo de palha

Eu sendo você
Você sendo eu
Descreva-me seu amor
Assim, escrevo o meu.





 Á mãe

Á minha amada mãe Luciana

Á mãe, que desde o ventre já nos guarda
Que dês de sempre acompanha
Suprema soberana que agrada
Com suas artes e manhas...

Á mãe,
Que nos induz ao certo caminhar
Guiando-nos pela certeza de um verdadeiro amar
Dando-nos asas, ensinando-nos a voar...

E como isso se pode agradecer?!
Como podemos retribuir
Um carinho que é movido a prazer de ver-nos constantemente sorrir?!

A ti é digno mérito, glórias mil
Mãe, mãe, mãe de ouro do Brasil!
És a riqueza de todo ser que a tem
És tesouro a todo filho que se contém
Em valorizar os feitos seus
És nossa guardiã enviada por Deus

Na alegria, presenteamos a ti com harmonia
Mas se a dor da vida nos infecta
Já teu coração logo detecta
Sentinela! Braço vigilante que vigia...

Obrigado!
Primeiro a Deus por ter nos dado você
Depois você por ter nos concedido
Educado e acima de tudo amado...
Por tudo ó Mãe, obrigado!





 Sombra

Minha fã,
Perseguidora dos altos calores
Minha guardiã,
Espiã dos suculentos e majestosos amores

Austera incógnita
Canto fúnebre, que compete à voz lúgubre.
Talvez tu sejas a voz maldita
Com a lástima penúria que a mim grita

És a intérprete do reflexo
O crânio que me vigia
A sã estrela guia
Meu corpo ao chão anexo...
Que por ironia tal consente
Mostra o caminho hora trás
Hora frente...

Desgraça que não desgruda
Sinistra imagem muda
Acossa junto, junto assusta
E quando há trevas, na escuridão camufla.

E sei bem que não tem como livrar
Onde quer que eu vá, tu irás acompanhar
E quando em meu caixão eu perpetuar
Tu apascentarás meu epitáfio

E os seus impugnantes desvios
Esquecerei, e nos rios
Passarei andando pela ponte
E tu te tornarás importante
Ali não existirá cor nem sexo
O que verei será somente teu reflexo
E ali navegarei sem molhar
Engrandecer-me-ei sem crescer

E pelos confins, até a iluminação derradeira,
Ficarás junto a mim, e assim eternamente serás
Minha companheira




Mais cara

A máscara mais cara é a que mascara
Mais cara na máscara
Mais máscara na cara
Mais máscaras pras caras que não são
Mais ser para as raras caras que são
Entre ser ou não ser da questão
Antes ser a podre cara que é
Do que a máscara cara que nunca foi





 Mais que nada

Máquina, máquina, máquina, máquina
Máquina mente
Maquina mente
Máquina, máquina, máquina, máquina
Máquina e mente
Máquina e mente
Maquinamente
Maquinamente

Maquina ta
Maquina ta
Maquina ta parada pra exterminar
Maquina da
Maquina da
Maquina da nossa espera germinar

Máquina
Minimamente máquina

Quanto mais maquina
Mais mente
Mais mente maquinada
Mais morte de mente
Demente minimamente maquinado
Nas manobras da mente maquinada





Dois em um

Singulares está no plural?
Você está em mim?





Dopamina

Equilibre o calibre
Da dopamina
Calcule o caule
Da planta
Introduza a musa
Na arena
Ao semear o ar
Da terra

Cultive o culto
Do canto
Tateie a teia
Da aranha
Desdobre o dobro
Do necessário
Fomente a mente
Da certeza
Saboreie o ápice
Do apetite
Bendiga e diga mais
A seriedade
Pratique no pique
Do atípico
E amorteça a morte
Do teu ser





Palco

Arte(fatos)





Nada além

Nada além de cócegas me faz sorrir
Um toque sem sentimento
Um sorriso sem fundamento

Nada além de cebola me faz chorar
Um ar contaminado
Lágrimas sem respaldo

Nada além do sono me faz sonhar
Uma esperança inconsciente
Sonho inconsequente

Nada além do além me faz viver além de mim





 Vida louca

Matricula o filho na escola
Vai e Tricota no trabalho
Vem Futrica conversa tola
Vai Consagra alheio atalho
Vem Agrega-se ao louco espantalho

Vida louca...

Futrica, futrica, futrica
Em palavreado és rica

Vai Agrega-se ao louco espantalho
Vem e Consagra alheio atalho
Vai e Futrica conversa tola
Depois Tricota no trabalho
Antes Matricula o filho na escola

Em palavreado és rica
Futrica, futrica, futrica

Vida louca...





Entre música e poesia

Cada nota, uma letra
Cada palavra, um acorde
E eu sendo intérprete
Componho a poesia
Que é a harmonia
Assim bem sei
Que música é a poesia cantada
E poesia é a música proclamada






Só a só

Se a tenho
Nada tenho
A querer

Tua ausência
É essência
De crer

Se a vejo
Só desejo
A alma grita

Tua distância
Faz concordância
A fé finita

Tanta confiança?
Onde a esperança
É amor

Amor distante
Na falta, confiante
É dor

Se a tenho
Nada tenho
A querer

É melhor a ânsia
Em sua plena constância
Enquanto ser

Quero te querer
A só.





Risco

O risco que corre no papel
Corre na vida, corre no cerol da pipa
O risco que se corre
Corre como risco curto imprevisto
No tom claro e sinistro
Do papel descartável
Do céu estável

Quem arrisca corre o risco
Quem se risca também

O ponto
É ponto de partida
Pingo no papel
Tinta da vida

O risco
É brincadeira de criança
Rabisco no papel
Na vida, esperança

Riscar é arriscar no risco que se corre
No papel misto que encosta a linha
Na palavra do risco, no risco da palavra

Se corre do risco só correndo risco





Talvez

Por que você escreve?
Você sabe por que eu escrevo?
Por que escrevemos?

Talvez para desabafar o que a boca cala, e a alma fala
Talvez para tentar ser o intérprete dos sonhos, pensamentos,
conceitos e sentimentos
Talvez pela glória de poder ser o compositor

Talvez porque nos sentimos tão só e para povoar nossa solidão
Escrevemos aquilo que a solidão cochicha ao nosso ouvido
Preenchendo assim o vazio que a vida deixa em cada dia

Como a volúpia de pensamentos fulgurantes
Como o véu sobre os pensamentos errantes,
Talvez escrevendo se sinta importante,
Mesmo acusando aquele ignorante, ou até mesmo
declarando-se para uma pessoa importante.
Não sei, pode ser,
Há tantas formas de escrever
Mais o que realmente revela?
Se somos apenas adubos, o que vira como sentinela,
e cultivará nossas escritas, talvez até se tornem malditas
E mesmo com o nosso pensamento ingênuo
Elas produzirão flores e venenos...

De fato amigo, talvez seja a esperança que nos promete abrigo
junto das letras mortas, como um mendigo atrás da porta
deseja receber a moeda para saciar sua fome
e nós talvez deixaremos algum nome
quando alguém ler nossas linhas
escritas em noites vagas como as minhas

Como um eco, talvez o ecoe,
Como o reflexo talvez mostre,
Se bem saciar, talvez soe,
Talvez sejamos mestres, (quem diria?).
Talvez um dia como cancioneiros, mostraremos a essência.
Faremos enxergar (aos homens) que estão no cativeiro,
E que regozijando de ilusão comemoram a própria falência
Por que nem sempre quem tem que falar mais alto é a consciência.





 Paciência

Pra que te oculta quando a ira insulta?

Eu te procuro em todo lugar
Mas não a tenho pra te procurar





 É aSim mesmo !(?)

E que atire a
primeira
letra
quem
 nunca
errou o
português!





 Incógnita
Á meu querido amigo Ricardo Ramos

E a poesia me visita bem viva!
Quando não muito emotiva
Penso que possa estar morta
Mas quando vejo as vagas lembranças
Ressuscito as falecidas esperanças
Recordando que ela vem sem bater na porta

Tentei já escrever poesia sem ela estar comigo
Mas em vão tento, pois penso eu meu amigo
Que quanto mais a quero mais fico sem
Pois quando desejada fica calada
E quando não lembrada
Eis que vem...

E de onde? Onde ela se esconde?
Penso eu que isso nenhum poeta e ninguém
Sabe. Ela é ainda algo infinito
Estranho, indefinido e bonito
E como você já dizia: “sei que às vezes não vem...”.





Como já ditava o ditado

Padeiro não precisa gostar de pão
Nem todo médico é bom do coração
Tão pouco o vidente se livra do futuro.
Toda ferida deixa cicatriz
Todo bom sábio já foi aprendiz
E cabeleireiro também tem cabelo duro

Pedreiro mora de aluguel
Piloto não mora no céu
Jardineiro às vezes não tem jardim.
Como policial chora
A mamãe também namora
E nem toda história tem fim

A barata da vizinha pode não morrer
O bonzinho pode não o ser
Os santos também cometeram pecado.
A própria paciência se perde
O Brasil não é só verde
Basquete também se joga sentado

O relógio não se preocupa com a hora
O futuro não é mais agora
Pois o fim da palavra já é passado
Como o guarda chuva fica molhado
Homem também chora

E antes que eu me esqueça
Casa de ferreiro o espeto é de ferro...





Migalhas

Momentos amáveis,
Na pauta da vida, viraram musica
Cada beijo soou como uma nota ao ouvido
No sentido de quem compunha
Um sentimento

Segundos,
Converteram em cicatriz
No corpo que ficou calado
Por estar feliz, apaixonado
Hoje recordação
Sobrou compaixão?

Estrela solitária
Brilhou no teu céu
No oculto tu foste um véu
Queria eu ter sido amado
Assim como fui enganado

O que sobrou?
Talvez tua amizade
Ver-te dentre grades
Em que consiste me ver triste?
Há saudades...

Teu olhar
Ainda é meu reflexo
Hoje complexo
Pois,
Antes era o caminho que me guiava
Hoje é o caminho que procuro
Sozinho, no escuro...

Momentos impetuosos,
Que na pauta do presente compõe com falhas
Cada segundo soa sons tenebrosos
E assim condena os versos feitos
De migalhas...





Poeta embriagado

E I

V C

A I

VAMOS?

D C

B B

E K I





 Tédio

Fez?
Se eu fizesse, você faria?
Façamos pois...
Mas o que?
Não sei,
Hoje não
Tenho nada
Para
Fazer.





Quero ser uma criança

Que me seja a criança
O reflexo de uma criação
Que raciocina com a esperança
E age com o coração

Que assim seja eu também
Um ser humilde a todo olhar
Sendo isso, e mais além
Quero assim como ela poder cantar

No barro, na areia, na lama
Estar com a roupa suja o dia inteiro
Derramar os prantos no momento em que a mãe chama
Para entrar pra casa e ir direto ao banheiro

Comer no chão com as mãos sem lavar
Dormir ao som de uma canção de ninar
Elevar uma singela oração a Deus
Talvez somente: “cuide de todos os irmãos meus...”

Não sei... Queria somente não poder saber
Tudo o que sei e que me faz tal soberano
Eu queria de nada ter consentimento
E privilegiar somente o meu sentimento...





Marionete

Manipula-me ao toque dos dedos
Os mesmos que me contam segredos
Os mesmos que se encaixam em minhas mãos

Manipula-me no momento em que me olha
Até quando com suas lágrimas me molha
As mesmas lágrimas que por mim chora
As mesmas que me perseguem quando você vai embora

Quando o sorriso brilha mais forte que o sol
E a palavra soa mais forte que o vento
Manipula toda minha mente em prol
De um concreto e puro sentimento

Manipula-me no entendimento que não entendo
No ato que não atuo
Em tudo que eu sinto
Em tudo que procuro...





Momento de ilusão

No tardar da noite escura
Vagando livre pelas ruas
Conversando só, fazendo juras
Olhando para tal cidade nua
A mesma que anseio
Sobre o seio
Não sei ao menos o que vivo em busca
Talvez por essa vida brusca
Eu tenha me sentido um homem vil
Naquele silêncio escutei um piu
Pensei que fosse a felicidade
Bobagem...
Era um pintinho.





Tu ó morte

E que tu não tenhas o poder de apavorar
Que tu não esqueças que foi vencida
Que se tornou a passagem para a vida
Onde ansiamos tanto estar

A cada segundo é um passo
E mesmo assim o tempo não é escasso
Pois assim como disse Ele: Jesus:
“Vale mais um dia nos teus átrios que mil dias fora deles”





Dia de prosa
Á meu amado pai Célio

Ele olhou meu pé
Pra ver se eu muito andava

E pra ver se ele brincava
Eu o zombei
Mas depois não se ele calava
Por isso então parei

Depois não aguentei e continuei:

Eu sorria
Ele brincava
Eu bebia
Ele amava
Ele bebia
Eu sonhava
Ele sorria
Eu brincava

Bebeu e sonhou
Brinquei e sorri
Lembrou e chorou
Senti, persisti

Ele foi embora
Eu fiquei
Ele esqueceu
Eu lembrei
Senti, persisti

Ele morreu
Eu vivi
Não. Ele viveu
Eu que morri

Na verdade nós morremos
E sorrimos
Sentimos
E sentiremos

falta desse dia de prosa...





Poema sublinhado

Preto
          Branco
                       Preto
                                 Branco
                                              Preto
                                                         ...
                                                  ?
                                        ?
                            ?


Z   E   B   R   O   U   !





 Vitória
Á minha amada irmã Vitória

Teu nome não esconde tua glória
És orgulho,
VITÓRIA!
Na poesia bela, com palavra sã
Descrevo a tua importância, ó minha irmã

Sangue do sangue meu
Escutar o eco teu
É bem saciar a fome de alegria
O que vem de ti, é o que contagia.

Doce é teu jeito
Que veio desde o leito
Como ancora lançada ao mar
Lançou assim você algo em mim
A ponto de aprisionar
Meu carinho
Minha ânsia de não querer ficar sozinho,
Por saber quão bom é ter uma pessoa assim

Meu orgulho por ti grita
Em teu nome ecoa e volta ao meu ouvido
Minha mente vibra, brada glória.
Eleva louvores a Deus:
“Por os bens feitos seus”
Tal como a ti
Vitória.





Consequência

Certas atitudes resultam em conseqüências que você não esperava
O que você espera certamente é o mais difícil de acontecer
O que acaba acontecendo é a realidade que você tem que aceitar
Se você aceita fica triste. E se fica triste não está aceitando
Quando está aceitando, tenta esquecer.
Se esquecer, sem desejar acaba lembrando.
Assim então não esqueceu
Quando não se esquece, sente as magoas das atitudes
Atitudes que resultaram em conseqüências que você não esperava.





Composição

São os momentos
Que na pauta da vida viram música
Cada qual soa como uma nota no ouvido
No sentido de quem compõe
Uma magia melodiosa
Natural ou sustenido, até mesmo na pausa

A vida clássica compete com a moderna,
Como mágica, em busca da nota eterna
E quando soa o vento rouco
Inspiro-me no estilo barroco
Já soando a trombeta no palácio
Recordo-me as lições do tempo clássico

E assim cada segundo, cada compasso
Torna-se ritmo fecundo em acorde escasso;
Compor mais sem espaço,
Cada nota é um passo.

E caminhando pela grade,
Deparo-me com instrumentos
Transbordo sentimentos
Revelo pensamentos
As ânsias... Talvez quem sabe por um dueto perfeito: Eu e Ela,
Com paixão, amor, ternura,
Nada melhor seria pra sina ficar mais bela

Sonhos, planos, desejos...
O acorde de meus pensamentos vejo,
Meio moderato, ou talvez eu nem consiga acompanhar
O diário que minha música escreve
É num caderno aprendiz, onde desenho as mínimas, semínimas,
Colcheias e semibreves...

Sem importar com canhoto ou destro,
O que me capacita é quem me rege
Por Ele, meu maestro,
Que tenho essa vida, que vivo essa canção
Em busca do mar, gota a gota,
Vivo a desenhar, cada dia uma nota...





 Desigualdade

Na memória consiste

Micro Macro
Rico   Fraco

Insiste.





Lembranças

Nossos versos
Nossas vozes
Nos lábios
São imersos
Várias vezes
São Sábios

Vosso sucesso
Suspeito confesso
Que seu progresso
Ainda é um processo
Que passa, e caça versos.

Esses são aqueles
Dos quais não lembro mais
Olhe para trás
Passou, tanto tempo faz...

Pessoas que passaram
Pela possa, ficaram na fossa
Pelo rio, escutou-se um assovio
O som ficou escasso
Sumindo passo a passo
Esqueci, fiz-me de palhaço.

Nossas lembranças
Nossas esperanças
Nos meus versos
São imersas
Várias vezes
São sábias...





Tempo, tempos...

Tanto vive
Tanto passa
E tal se prive
Da longevidade
Da teologia escassa

Tudo passa tudo passa...
Veja como já passou!
Olhe como está passando!
Foi o tempo que restou...

O que se guarda não passa
O que se passa não se guarda
Guarda só o passado
Passa só o guardado

Incertos pensares: tais esperanças...
Incontroláveis passagens: ditas lembranças...

Se passa não vejo
Se vejo é porque já passou
E se recordo o tempo passado
Passo o tempo recordando

Relembrando o que não volta
Volto só lembrando
Esquecendo de lembrar
Lembrando de me esquecer... O tempo passa, passa...





 Preguiça

Há preguiça desgraçada!
Por tua culpa muito não fiz
Muito dormi, comi e descansei
Os dias ficaram longos, e quando se diz
Respeito a Deus, por tua culpa muito pequei.

Há preguiça desgraçada!

Se eu pudesse te matar... Há eu mataria!

Você não me deixa em paz!

Olha bem o que você faz,

Eu...

          Eu...

                     Eu...

Nã o
Es    t    ou
con                se gui           nd o
Es c re  ver...

Espere ai um minuto...

Vou dormir,

Já volto.





O verbo

Amar,
Provar,
Respeitar
E
Eternizar.
Conjugar
Todos os verbos que ajudem a descrever tal amor.





Relógio

Passa tempo, tempo passa,
Seja depressa, seja devagar,
Relógio trabalha dia e noite
Dia e noite sem parar.

Dependendo de onde estamos
O tempo corresponde
E então pensamos:
Em lugar não desejado, o relógio trabalha quase parado,
Em lugar gostoso, corre como se estivesse atrasado.
ATRASADO!
Nessa hora o relógio da vontade de quebrar
Mas se não fosse ele, como na hora certa iríamos chegar?
A verdade é assim
Se o dia foi ruim,
Queremos logo o fim.
Mas se o dia foi bom
Queremos que o relógio pare por um tempão!

A nossa vontade, contra ela,
Depressa ou devagar
Se a bateria não o derruba
Gira o mundo sem parar...





Egocentrismo

Toda matéria bruta egoista é
Pois onde uma fica a outra não coloca o pé





Pincelou uma arte dita
Como a arte da proeza
Ao quadro deu nome vida
E a moldura natureza

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