Vento
de meu invento
Pedro Oliveira
A poesia
vive!
Definitivamente a poesia não morreu! Alguns pensavam que
para que a poesia sobrevivesse diante da hodierna crise literária, fosse
imperativo uma inescrupulosa aliança com vocábulos tecnológicos. Estupidez!
Definitivamente a poesia vive! E vive não de miscelâneas com formas
pseudo-simbólicas, mas em vida experenciada, ativa e vibrante em tantos poetas
e poemas esparsos no mundo da vida.
Eu diria que a poesia tem se valorizado cada vez mais, por
ora, se fez pedra preciosa, que precisa ser perseguida como ave esguia,
encontrada com admiração, lapidada com desvelo! Somente os que se deixam atrair
por ela, que a amam com a própria vida, é que são verdadeiros conhecedores de
si e são capazes de encontrar “a morada do ser”, tal qua apregoaval o Filósofo
de Friburgo: “a poesia é a comemoração do ser”.
Quando Rilke descrevia o que significa amor em uma de suas
“cartas a um jovem escritor”, na verdade, descreve o que é a poesia e de onde
ela brota:
O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer,
tornar-se algo em si mesmo,
tornar-se um mundo para si,
por causa de um outro ser;
é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz,
uma escolha e um chamado para longe.
Do amor que lhes é dado,
os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos.
(...)
tornar-se algo em si mesmo,
tornar-se um mundo para si,
por causa de um outro ser;
é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz,
uma escolha e um chamado para longe.
Do amor que lhes é dado,
os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos.
(...)
Creio que aquele amor persiste tão forte e poderoso em sua memória justamente por ter
sido sua primeira solidão profunda e o primeiro trabalho interior com que moldou a
sua vida.
Ora, a
poesia se encaixa perfeita e plenamente na palavra amor, pois ela é
aprendizado, é “um convite a trabalhar em si mesmo”. A poesia é amor que nasce
da crueldade da solidão e de suas cicatrizes, que precisam ser curadas todos os
dias. A poesia é a dor da solidão da
vida que grita dentro do poeta. Esta é a poesia de Pedro Oliveira: vida que se
manifesta de forma miraculosa no esmero da palavra.
Mas a palavra sozinha não é nada. E a versificação
métrica e rítmica seria menos ainda se não fosse aquilo que chamo de “sentença
psicológica” ou “expressão forte”, que confere a singularidade do poema e
provoca no outro (porque o bom poema é sempre um eu que fala a um tu) o espanto
do inédito. A poesia de Pedro Oliveira se distingue por esta vox fortis, que em cada poema interpela
nossa alma a reviver dentro de si os tempos, os lugares, os sonhos e amores que ela carrega como pedra
rara e reluzente. E a meu ver, é naquele inusitado poema dos tricôs, que o
poeta consegue transladar, de forma sensível e extraordinária, a vida para a
palavra, e palavra por palavra se une na maravilhosa vox fortis do desfecho do poema, interpelando-nos, exigindo-nos a
urgência da reflexão:
Na tricotadeira, tricota,
No tricolor do tricote,
Tricota o tricô.
Trinta tricôs tricolores
E vai,
Tricotando
Tricotando
Tricotando...
Tricotando sem parar...
Ah dona Maria! O que você não
tricotaria?
Que é a vida,
senão um “tricô laborioso”, que todos os dias tricoteamos ora com mais cores,
ora com menos? Quem não se vê nesta “dona Maria”, que sabe que seu tricô deve
continuar e que tantas vezes sua vida é um tricotear coisas que lhe parecem
“intricoteáveis”? A poesia vive em Pedro Oliveira, e vive porque ele a ama e a
busca como a luz da alma. Mas o poeta sabe também que só buscá-la não basta,
pois ela é exigente, sorrateira, e às vezes, até esnobe:
Tentei já escrever poesia sem ela
estar comigo
Mas em vão tento, pois penso eu
meu amigo
Que quanto mais a quero mais fico
sem
Pois quando desejada fica calada
E quando não lembrada
Eis que vem...
Sem dúvida, ler a
poesia de Pedro Oliveira é ter a coragem de ser interpelado, instigado,
indagado pela vida. Sua poesia não fala exclusivamente de si ou a si mesmo, mas
simultaneamente fala a nós e de nós. “O
vento que inventei” é um “livro da vida”! É poesia viva de vida vivida
intensamente! Nele a pedra lapidada brilha radiante e quem se deixa transpassar
por este brilho, desvenda diante de si a cortina do mistério que envolve a vida
e o amor.
Caconde, novembro de 2017.
Pe. Ricardo Ramos.
Cuida-te!
Ai
de ti homem mentiroso
Que
faz das lágrimas teu gozo
Poupa-te
de escassos esforços
Pois
se mal fazes, terás teu castigo
São
teus próprios males que levarás contigo
Sobrando-te
assim apenas sombrios remorsos
Temas
meu caro, e que viva teus medos
E
tuas mentiras revelarão teus segredos
Cuides-te
bem, e reparas tuas infâmias
Que
não seja desculpa o que te falta
Para
contrariar a Deus, qual mesmo ressalta:
“Após
a dor virão tuas alegrias”
Deus
te dera muitos talentos
E
mesmo que tenha ímpetos tormentos
Digo-te:
não lances a âncora ao mar
Navegues
pois, superando toda alta maré
Pois
se dentre tudo sobressair à fé
Terás
alegria plena sem cessar
Caro
homem cuide bem dos dons teus
Eis
que conheces os ensinamentos de Deus
E
talvez tu ganhes o prêmio eterno
Por
que mesmo com toda tua maldade
Deus
lhe da à liberdade
De escolher entre o céu e o inferno
Poesia publicada no livro
“Poesia e prosa no Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de
Janeiro”.
Sozinho na multidão
Sinto-me livre,
porém, encurralado
Vagueando
sozinho e muito acompanhado
Lutando com um
caminho cujo espaço é determinado
Não tem ninguém
comigo
Não tenho
nenhum amigo
Se reto sigo,
logo brigo. Por não ter abrigo
Um passo pós
outro com cautela
Eis o racional
(sentinela)
Quem eu tinha,
não tenho mais. Onde está ela?
Eu tenho
coração
Seria mais
fácil então
Estar com
alguém do meu lado e fora da multidão
Poesia publicada no livro
“Poesia e prosa no Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de
Janeiro”.
Tricote tricolor
Tricota
Tricota
Tricota
Mas tricota sem parar,
Sorria...
Mas
tricotando
Tricotando
Tricotando
Tricotando
Tricotando sem
parar...
Na
tricotadeira, tricota,
No tricolor do
tricote,
Tricota o
tricô.
Trinta tricôs
tricolores
E vai,
Tricotando
Tricotando
Tricotando...
Tricotando sem
parar...
Ah dona Maria! O que você não tricotaria?
Poesia publicada no livro “Poesia e prosa no
Rio de Janeiro” do “Grande concurso cidade do Rio de Janeiro” & Certificado
de Menção Honrosa no concurso “1º concurso nacional de poesia Poetizando o
mundo”.
Anônimo viver
Sabe do oculto,
tal inculto
Vencido pela
curiosidade
Um cacto, um
caco, só e calado
Inútil!
Designado tal
mascarado
Anônimo em seu
pensar
Esconder é seu
dever
Mostrar sem
aparecer
Revelar, a quem
sabe ler
Poesia publicada no livro
“Landa Lopes na essência dos poetas” do concurso “Prêmio cultural Landa Lopes”.
A voz da alma
Tu
és ingênuo, sente a necessidade de ser flor e veneno.
És
o intérprete, do corpo que compete à magia,
Cala-te
por pouco,
Canta
calado, por mera ironia.
Observando-te,
vou voltado à voz
Veloz,
vejo-te calado...
Tu
falas feliz,
Com
meu olhar
Faz
fusão
Faz
a faísca forte fulgurante
Flamante
e fugaz,
Isso
é falso?
Tu
és um eco complexo
Que
ecoa, e caça coisa escassa, como o próprio reflexo.
És
o próprio espelho, que me aconselha.
Trocou
tantos olhares como você
Outrora
talvez por ter tanto brilho
Azul,
como o céu anil, és fértil.
Por
pouco és pomposo
Poeticamente,
mais poderoso
Hipoteticamente
perigoso.
És
a escada, com vários degraus,
A
luz, que conduz a sombra dos seus
Amores
Lento
e lenitivo,
Longe
fica lesivo;
Faz
falta, quando não está perto do meu.
Nas
trevas, és oportuno fulgor,
De
ti saem lágrimas, de alegria, de dor.
De
ti, saem palavras, rimas,
Maneiras
de falar
Jeitos
de amar
És
quem eu anseio
Imperador
dos meus devaneios
És
o olhar.
Poesia publicada no livro
“Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário”.
(en)canto
Sobre as
palmeiras postas em campos
Canta o canário
com sons do encanto.
Sabia eu, que o
sabia
Assoviaria sua
sabia canção
Pássaro que se
acha em SÍ
Dá DÓ de ver
A RÉ que faz
SOL pra MI
fÁzer
Ver LÁ
O que vejo aqui
Fora de SÍ
Ó sábia canção
do sabiá
Canta e encanta
Pra não mais
parar,
Canta e encanta
Este lindo
canto
Do majestoso
sabiá!
Poesia publicada no livro
“Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário”.
Sussurro
Escuto um
longínquo eco do vento norte
Aposto então
minha vida a prol da morte
Sacio minha
alma somente com o som dito
Os ouvidos já
se mostram cansados
Começa então as
vozes dos calados
Voltadas para
os sussurros a mercê dos gritos
Consigo escutar
o sangue que corre pela veia
Posso sentir o
ruído de uma aranha numa teia
O silêncio
desperta!
Então contradiz
todo o conceito
Reforça a idéia
no peito
Sobre a
intensidade do sussurro alerta
O silêncio
acorda o meu espírito adormecido
Desperta os
devaneios esquecidos
E num tom de
acorde de minuta
Meu coração
chora por batidas aceleradas
E pela minha
fraqueza calada
Desperta a todo
aquele que me escuta
Escrevo no
ritmo do vento que me toca
Distorço os
pensamentos que meu cérebro soca
Sinto a forte
presença da solidão
Minha boca
resseca e ainda fala
Num tom piano
do qual quase cala
Mais ainda
incorpora voz forte como de uma multidão
Poesia publicada no livro
“Liberdade” do “XXXIV Concurso Internacional Literário” & no livro “Projeto
literário Delicatta VII”.
Falência
Foi
enterrado...
Penso
Até que nunca
viveu.
Posso ter sido
eu
Você talvez
Mas por sua vez
Desprezou-me.
Que tal
melancolia...
Por que
Fizeste isso comigo?
Antes tivesse
falado
Deixou crescer
o amor, e depois
Foi
enterrado...
Poesia publicada no livro
“Prêmio literário Valdeck Almeida de Jesus de poesia-2010” no ”VI prêmio
literário Valdeck Almeida de Jesus”.
Vosso caminho
Ó
Senhor, ó meu Deus
Como
é bom, tudo o que é seu.
Tu
és o fulgor oportuno das trevas
Tu
és...
O
onipotente
Puro
de alma e mente!
Mesmo
sendo como sou
Tu
Perdoas minha iniqüidade
Não
olha para minha maldade
E
me ajudas com sua misericórdia
Tendo
piedade.
Ó
Senhor, ó meu Deus.
Peço
que ilumine minha vida
Que
me dê forças para seguir seu caminho
Até
a minha partida...
Ó
Senhor, ó meu Deus
Ajuda-me
a tomar minha cruz
Ajuda-me
a fazer a vossa vontade
Faça-me
ser Sal, Fermento e Luz.
Pois
tenho essa necessidade.
Anunciar
o evangelho
Anunciar
o vosso perdão
Dizer
que só tu és misericordioso
Vós sois a minha verdadeira direção
Poesia publicada no livro
“I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.
Presença vossa
Desejamos
faze-lo presente.
E que o homem o
veja, a sua imagem na nossa.
Que possamos
ser semelhança vossa
Para o ser ver
Sua
misericórdia
Desejamos
faze-lo presente.
Para dar as
pessoas um sentido
Abrir os olhos,
o ouvido,
E mostrar o
verdadeiro sentido
Quem é
realmente amigo
Desejamos
faze-lo presente
Para que não
sirvam a dois senhores
Deixem de lado
o dinheiro
Que venha vós
primeiro
Antes de tudo.
Tu és o rei.
Sem ti não
temos vida
Que nosso
sacrifício seja a alma penitente
Para ensinar ao
mundo,
Desejamos
faze-lo presente.
Poesia publicada no livro
“I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.
Já de manhã
De
manhã ansioso vos busco
Pois
é de ti a força que me conduz
Outrora
tu comigo foste justo
Já
bem cedo tu és meu foco de luz
Até
aqui tu me ajudastes
Com
as obras que em minha vida fazes
Ora,
não sou eu dono de meu ser.
Mas
és tu ó rei do meu viver
Posso
não entender a minha história
Mas
sei bem que é a melhor
Pois
tu senhor rei da gloria
És
sábio, e tem compaixão.
Dou
graças, vos louvo o dia todo
Em
seu caminho aqui estou
Todo
dia lembro de ti.
Por
isso, e por tudo que me fizeste, graças vos dou.
Poesia publicada no livro
“I Concurso literário Ebenézer” do “Concurso Literário Ebenézer”.
Amortecer
Tecer amor
Amortecer
A morte ser
Amortecer
Ser amor
Amortecer
Tecer a morte
Amortecer
Tecer e ser
Amortecer
Amor e ser
Amortecer
Amor-te-ser-mais
Amortecer
Amortecer
Amortecer
Amortecer...
Poesia publicada no livro "CNNP - Concurso Nacional de Novos Poetas"
Mosca
Tecer amor
Amortecer
A morte ser
Amortecer
Ser amor
Amortecer
Tecer a morte
Amortecer
Tecer e ser
Amortecer
Amor e ser
Amortecer
Amor-te-ser-mais
Amortecer
Amortecer
Amortecer
Amortecer...
Poesia publicada no livro "CNNP - Concurso Nacional de Novos Poetas"
Mosca
Uma mosca mais leve
Que leve uma asa
Que se debata no ar
Ferindo a gravidade
Numa acentuada velocidade
No pleno direito de estar
Uma mosca mais tosca que eu
Mais veloz que um avião
Mais espreita que o camburão
Uma mosca sanguinária
Desenha quadros de sangue meu
Enquanto seu canto em meus ouvidos soar
Enquanto diante de mim se por a bailar
Irei aplaudi-la
Poesia publicada no livro "Poetize 2018 - Concurso Nacional de Novos Poetas"
Poesia publicada no livro "Poetize 2018 - Concurso Nacional de Novos Poetas"
Cabeça de fósforo
Explode tua
cabeça
Na contramão do
risco
Que se corre
Velha canção da natureza
Quando os raios
solares
Aos poucos
iluminavam os primeiros traços de terras
Voavam os
pássaros pelos ares
Entre as
montanhas e no alto das serras
Entoavam um
canto bom de ouvir
Adejando bem
alinhados
Era primavera,
vinham flores a florir
Os beija-flores
por sua vez fartados
O canarinho da
terra
Que competia à
magia
Ali não tinha
guerra!
Porém, harmonia
No tic tac do
pica pau
Na pauta com a
ventania
Ali não tinha
guerra!
Porém, harmonia
Os risquinhos
que caiam pela montanha
Regavam aquele
imenso jardim
E na minuciosa
arte da aranha
Vinha àquela
realeza cantar assim:
“Ah que bom é!
Que alegria!
Apreciar a obra
de nosso Deus
Tendo como lema
harmonia
Cantamos
segundo regimentos seus”
Os animais
todos acolhedores
De bom coração!
Disso não me esqueci
Lembro-me do
perfume dos beija-flores
E das boas
vindas do bem-te-vi
Os canários
sopranos contra sopros dos ventos
Melodia
marcante e bem humorada
Os aquários com
grandes ondas marcavam os tempos
E assim também,
toda natureza cantava
Somente sinto
em conjugar o poema no passado
Sinto muito,
algo que um dia não senti
Escrevi somente
por mais uma vez ter sonhado
Com a velha
canção que um dia eu ouvi
Epitáfio
O fluxo aquele
dia estava destruído
Apenas passava
um homem peregrino
O tal emitia um
som sustenido
Com um velho e
misterioso violino
Então bateram
em minha porta
Era ele,
mendigando por migalhas de pão
Tinha voz rouca
e feição morta
E implorava-me
sem cessar com plena mansidão
Entreguei-lhe o
que me pediu e logo correu meu pranto
Quando ecoou
uma voz que dizia: “Faleceu!”
Era fábula! Era
sonho! Era puro encanto!
Nada fazia
sentido, tudo desapareceu!
Eis que fez
sentido quando soube no entanto
Que o homem que
bateu em minha porta na verdade era eu
Fogo de Palha
Como
migalha,
Um
fogo de palha
Tal
tenta, mesmo falha.
Chame,
chame!
Talvez
se ninguém ajudar, o fogo irá se espalhar,
Talvez
tivesse que retirar o espantalho
Que
está queimando, é dele que vem o fogo.
Há
meu Deus!
O
que vamos fazer?!
Se
esse fogo de palha se espalha, teremos somente migalhas,
E continuará a mesma falha...
Império
Rei,
Rei, Rei
E Rei eu, ela rainha
I Rainha somente minha
Minha donzela
R Donzela que tanto ansiei
E
Ansiei por ela
I
Ela,
Ela, Ela
R
Que donzela que foi ela!
E
Foi-se sem por que.
I Sumiu e foi-se
Rainha minha, sumiu
Rainha,
Rainha, Rainha
A
A
I I
N N
H H
A A
M M
I I
N N
H H
A
A
Casa velha
Voavam tapetes
nos ares
Xícaras e copos
formavam pares
Cantavam notas
fundidas em acordes estranhos
Cujos timbres
não fundiam com os ouvidos
Eram sons
velhos e corroídos
Pelo homem dos
noventa de olhos castanhos
Homem tal que
ali assombrava
Com velhas
músicas que cantava
Até suas
exageradas gargalhadas
Emitia canções
mortas e esquecidas
Pela incerta
partitura da vida
Que quando viva
permaneceu calada
Todas as mortas
vidraças
Revelavam
impetuosas desgraças
Tudo o que ali
se escondia
Era segredo
guardado como tesouro
Idolatrado como
ânsias de ouro
Segredo tal que
nem o homem conhecia
Lâmpadas
amarelas, estouradas e caídas
Mesas e
cadeiras todas destruídas
Rastos de um
maldoso passado
Visões incertas
de um nervoso rancor
Pressuposições
de conceitos de um falso amor
Atos psicóticos
não dominados
Máscaras postas
em diversos quadros
Teias
entrelaçadas em todos os quadrados
Tudo era digno
de uma monstruosa fantasia
Porém designava
traços poéticos por esconder
O doce sabor de
conhecer
O segredo
perdido da poesia
Lixo
Não jogue lixo no lixo!
Porque se você jogar o lixo no lixo
Não teremos lixo
Pra que possamos jogar o lixo.
Contrários
Creio
eu que o marceneiro
Não
faça sua própria porta
Seu
Luiz ali da esquina é jardineiro
E
não tem em sua casa uma horta
É
cabeleireira andando despenteada
Manicure
com unha quebrada
Polícia
indo pra cadeia
Peru
fugindo da ceia
Mas
tem o piloto, que não tem avião
E
também o caminhoneiro que passeia em casa e vive na pista dentro do caminhão
O
cantor não canta calado
E
o médico também fica machucado
Talvez
quando se é sal, tenha que ser açúcar
E
quando açúcar, ser sal
É
a lei da vida, como dizia meu avô:
“Casa
de ferreiro o espeto é de pau”
Oculto que tudo vê
E
tudo perfeito ele fez
E
por sua intercessão, o pouco (foi)é multiplicado
O
bem que fazes sem ninguém saber,
Ele,
porém, pode o ver.
Ele
te espreita o dia inteiro,
Você
livre ou no cativeiro
Não
importa tua vida torta.
Por
ti ele vela,
No
secreto de teu coração
Ele
é teu pai
Na
noite
A
constelação.
Ao
dia é a magia
Que
brilha e te ilumina,
Tua
alegria
Tua
sina, e teu guardião.
Na
tua tribulação, teu consolo,
Que
te leva no colo.
O
teu sonho, ele dirige
Teu
pesadelo que te aflige,
É
o alerta que faz pra você
No
terreno baldio, um lugar sombrio,
Ele
tudo vê.
E
você não o vê.
Ele
é oculto,
Mais
sempre olha por você
É
o mais poderoso e misericordioso
Pois
ama os filhos seus
Há
ele louvores são dignos
No
mesmo oculto,
Demos
graças ao nosso Deus.
Fábula
Era uma vez
Duas pessoas que se conheceram
E viveram felizes para sempre...
Poco de amor
Tu eres brillo
adecuado en el abismo de las tinieblas
Y en el
desierto
Digo palabras
Allá de las
palabras por la forma
Pero revela el
sentido
Aqui en el
abismo
Resultado de mi
función con el lirismo
Vuelo en busca
de este
Este amor...
¿-Donde estás usted?
Oda
Tu nombre en
las estrellas
És una
escritura brilhante
De la luna y
todo el cielo
Tiene la
atención constante
Fiel y sincera
de por vida
No quiero que
vá por el saída
Mejor vivir
cerca de ti
Puede vivir
dentro de mi
Dentro de mi
corazón
Estes
versículos en armonia
Com el acorde
de el sentimiento
Revela el
sentido
El que yo
siento
Pra quê rimar?
Pra que rima
Se limão e lima
São quase a
mesma coisa?!
Pra que rimar
Se aqui em meu
pomar
O gosto é
sempre o mesmo?!
Rimar pra ficar
bonito?
Esquisito?
Rimar pra
enfeitar?
Rimar pra
tentar disfarçar o conteúdo?
Pra que rimar
em tudo?
Prefiro lima, e
não gosto de rima...
Prefiro a
concordância, a ficar nesta rimada vigilância
A rima conjuga
o rimar
Mas por que
então a sina não julga “sinar”?
A não ser o
“sinar” do caipira,
O sinal no
formal vira,
Mas pra que
tanto preconceito no português?
Mas a rima
gosta de poeta,
As vezes vem em
meu poema por cortejo
E eu nem
vejo...
Morte de ontem
Se
ontem tivesse falecido
Não
teria obviamente mais um dia vivido
A
chance de dizer “te amo” teria perdido
Se
ontem tivesse falecido
Se
ontem eu falecesse
Perderia
meu sonho antes que crescesse
Talvez
o amor hoje prevalecesse
Se
ontem eu falecesse
Se
eu morresse ontem
Não
me despediria de ninguém
Perderia
a chance de ir mais além
Se
eu morresse ontem
Se
ontem perdesse a vida
Hoje
não procurava tanta saída
Como
será que ficaria minha querida
Se
ontem eu perdesse a vida?
Se
ontem velassem por mim
Hoje
não estaria mal assim
Começaria
a viver a partir de tal fim
Se
ontem velassem por mim
Certamente
se ontem tivesse falecido
Talvez
tivesse renascido
Se
por merecer eternamente teria vivido
A
começar de ontem, se eu tivesse falecido...
Do Berço ao Túmulo
Caminhei (...)
Deixa chover...
Chove CHUVA Chove
C
H
O
V
E
C
H
U
V
A
C
H
O
V
E
...
Silêncio
Fale baixo!
Senão sua
consciência escuta...
Talvez se ela
te ouvir
Irá se fundir a
idéia que te imputa
Fique bem
quieto!
Se camufle em
algum objeto
Na matéria
bruta que te atrai
E assim de nada
valerá seu suor
Até mesmo o
inseto
Será teu
tormento!
Será maior!
Sinta o pulso
do teu coração
Escute somente
ele, e então
Saberá o que
fazer
Nunca fale alto
Mas sempre
sussurre
E este som que
você não dá razão
Incorporará voz
forte de multidão
Pensamentos da meia
noite
Os
pensamentos da meia noite estavam passando ás três da tarde
Estranhei,
mudei a sintonia, mudei de canal
E
então os pensamentos voltaram ao normal.
Os
pensamentos da meia noite foram parar depois ás sete da manhã
Os
pensamentos da manhã sumiram, e ficaram só os da meia noite
Os
pensamentos foram trocando de lugar, e de horário
E
os pensamentos não respeitavam nenhum fuso horário
Estranhei,
mudei de sintonia, mudei o canal
E
então os pensamentos da meia noite enfim me deixaram em paz
Os
pensamentos da meia noite nem a meia noite apareceram mais
Os
pensamentos pensaram por si cada um, entraram em um acordo
Os
pensamentos depois de tanto tempo, voltaram em sua ordem
E
fiquei louco de tanto pensar em como pensar os pensamentos
Os
pensamentos me bateram como um nervoso em domínio ao açoite
Estranhei,
mudei de sintonia, mudei de canal
Enfim
voltaram ao normal, menos o da meia noite...
Menina dos meus sonhos
Há sim!
Era a menina
dos meus sonhos...
Transbordava
uma fulgurante luz
lá no céu a lua
cor de prata,
Na casa dela
fomos eu e meu violão,
Ela saiu na
varanda,
E confessando o
que me ditava o coração
Comecei minha
serenata:
Ó amada olhe a
lua,
Ela é
semelhante à imagem tua...
Tu foste oculta
durante o dia
Mas doravante
pós o poente
Bem eu sabia
que tu virias
Ela olhou-me
nos olhos sedutora
Entrelaçou seus
cabelos na lua
Atirou-se até
na rua
E quão
magnífica que fora...
Então caminhei
três passos
Entreguei-me em
seus braços
Gozei de seus
beijos
Dos meus
anseios e desejos
Cochichou então
em meu ouvido
Doces palavras,
meigas poesias
E com sua
delicadeza
Realizava todas
minhas fantasias
E quando ainda
noite fui despedir-me
Uma voz grave
me despertou
Era meu pai que
dizia:
-Já acordou?!
Já acordou?!
Há desgraça!
O sonho bom
logo passa
Até que tentei
reencontra-la
Mas não
achei...
Há sim...
Literalmente
aquela menina era dos meus sonhos.
Incertas verdades
Tudo é ilusão!
É ilusionário!
Enganosa
pressuposição
Estrelas e céus
de planetários...
Tudo é sonho! É
ilusionário!
Realidade que
imponho
Peixes e
mariscos de aquários...
Tudo é
devaneio! E nada é teu!
São neurônios
alheios
Presente
momento de museu...
É ilusão! É
abstrato!
Falso coração
Encenações de
teatro...
A folha amassa!
O papel almaço
O incerto
caminho que passa
Pela felicidade
de um palhaço...
É ilusão! É
discórdia!
Falsa canção
Letras ditas de
paródias...
É ironia! É voz
calada!
Falsa alegria
De um discurso
de piada...
Ciclo do cisco
Hoje nasci
velho
Acordei numa
hora não muito oportuna
Justamente eu
que abraçava fortuna
E cegamente via
toda a verdade
Me fiz de surdo
e nada escutei
Fiquei
machucado e nada toquei
Ironizei toda a
santidade
Então hoje eu
nasci velho
Por tombos foi
que levantei
E se aprendi
foi porque errei
Assim o mundo
começa a ficar pequeno
Pois se você
aprende
Logo então se
arrepende
De ter bebido o
próprio veneno
Ontem eu morri,
e hoje nasci velho
E se assim
nasci digo adeus ao tempo perdido
Se não mais
volta, simplesmente o levo comigo
A vida que
caminha para a morte
A morte que dá
a vida
Você nasce
velho
Morre novo
Depois nasce de
novo.
Brisas Brasileiras
Brandas
brisas
Boas
e brasileiras
Cabelos
atrapalhados
Coisas
derradeiras
Brandas
brisas
Vindas
e voltadas
Para
a voz do vento da vitória
Como
um acorde de
Violão
e viola.
Voam
e vem
Vão
e voam
Como
vozes
nos ouvidos
dos sentidos...
Brandas
brisas boas e brasileiras
Venham
voltadas a voz de lhes ama
Refresquem
as mentes dos seres que lhes chamam
Brandas
brisas
Brisas
brandas
Brasileiras
e boas
Boas
e brasileiras
Reflexo
Seja ingênuo
Descreva-me o
sabor
Da flor
E do veneno
Seja sagaz
Descreva-me a
luz
Da qual te
conduz
Seja você
Descreva-me
O mistério que
te habita
Sendo eu
Escrevo você
No papel
amassado
Com a caneta
que falha
Na voz calada
Do fogo de
palha
Eu sendo você
Você sendo eu
Descreva-me seu
amor
Assim, escrevo
o meu.
Á mãe
Á minha amada mãe Luciana
Á mãe, que
desde o ventre já nos guarda
Que dês de
sempre acompanha
Suprema
soberana que agrada
Com suas artes
e manhas...
Á mãe,
Que nos induz
ao certo caminhar
Guiando-nos
pela certeza de um verdadeiro amar
Dando-nos asas,
ensinando-nos a voar...
E como isso se
pode agradecer?!
Como podemos
retribuir
Um carinho que
é movido a prazer de ver-nos constantemente sorrir?!
A ti é digno
mérito, glórias mil
Mãe, mãe, mãe
de ouro do Brasil!
És a riqueza de
todo ser que a tem
És tesouro a
todo filho que se contém
Em valorizar os
feitos seus
És nossa
guardiã enviada por Deus
Na alegria,
presenteamos a ti com harmonia
Mas se a dor da
vida nos infecta
Já teu coração
logo detecta
Sentinela! Braço
vigilante que vigia...
Obrigado!
Primeiro a Deus
por ter nos dado você
Depois você por
ter nos concedido
Educado e acima
de tudo amado...
Por tudo ó Mãe,
obrigado!
Sombra
Minha
fã,
Perseguidora
dos altos calores
Minha
guardiã,
Espiã
dos suculentos e majestosos amores
Austera
incógnita
Canto
fúnebre, que compete à voz lúgubre.
Talvez
tu sejas a voz maldita
Com
a lástima penúria que a mim grita
És
a intérprete do reflexo
O
crânio que me vigia
A
sã estrela guia
Meu
corpo ao chão anexo...
Que
por ironia tal consente
Mostra
o caminho hora trás
Hora
frente...
Desgraça
que não desgruda
Sinistra
imagem muda
Acossa
junto, junto assusta
E
quando há trevas, na escuridão camufla.
E
sei bem que não tem como livrar
Onde
quer que eu vá, tu irás acompanhar
E
quando em meu caixão eu perpetuar
Tu
apascentarás meu epitáfio
E
os seus impugnantes desvios
Esquecerei,
e nos rios
Passarei
andando pela ponte
E
tu te tornarás importante
Ali
não existirá cor nem sexo
O
que verei será somente teu reflexo
E
ali navegarei sem molhar
Engrandecer-me-ei
sem crescer
E
pelos confins, até a iluminação derradeira,
Ficarás
junto a mim, e assim eternamente serás
Minha companheira
Mais cara
A máscara mais cara é a que
mascara
Mais cara na máscara
Mais máscara na cara
Mais máscara na cara
Mais máscaras pras caras que não
são
Mais ser para as raras caras que são
Mais ser para as raras caras que são
Entre ser ou não ser da questão
Antes ser a podre cara que é
Do que a máscara cara que nunca foi
Antes ser a podre cara que é
Do que a máscara cara que nunca foi
Mais que nada
Máquina,
máquina, máquina, máquina
Máquina mente
Maquina mente
Máquina,
máquina, máquina, máquina
Máquina e mente
Máquina e mente
Maquinamente
Maquinamente
Maquina ta
Maquina ta
Maquina ta
parada pra exterminar
Maquina da
Maquina da
Maquina da
nossa espera germinar
Máquina
Minimamente
máquina
Quanto mais
maquina
Mais mente
Mais mente
maquinada
Mais morte de
mente
Demente
minimamente maquinado
Nas manobras da
mente maquinada
Dois em um
Singulares está
no plural?
Você está em
mim?
Dopamina
Equilibre o
calibre
Da dopamina
Calcule o caule
Da planta
Introduza a
musa
Na arena
Ao semear o ar
Da terra
Cultive o culto
Do canto
Tateie a teia
Da aranha
Desdobre o
dobro
Do necessário
Fomente a mente
Da certeza
Saboreie o
ápice
Do apetite
Bendiga e diga
mais
A seriedade
Pratique no
pique
Do atípico
E amorteça a
morte
Do teu ser
Palco
Arte(fatos)
Nada além
Nada além de
cócegas me faz sorrir
Um toque sem
sentimento
Um sorriso sem
fundamento
Nada além de
cebola me faz chorar
Um ar
contaminado
Lágrimas sem
respaldo
Nada além do
sono me faz sonhar
Uma esperança
inconsciente
Sonho
inconsequente
Nada além do
além me faz viver além de mim
Vida louca
Matricula
o filho na escola
Vai
e Tricota no trabalho
Vem
Futrica conversa tola
Vai
Consagra alheio atalho
Vem
Agrega-se ao louco espantalho
Vida
louca...
Futrica,
futrica, futrica
Em
palavreado és rica
Vai
Agrega-se ao louco espantalho
Vem
e Consagra alheio atalho
Vai
e Futrica conversa tola
Depois
Tricota no trabalho
Antes
Matricula o filho na escola
Em
palavreado és rica
Futrica,
futrica, futrica
Vida
louca...
Entre música e poesia
Cada nota, uma
letra
Cada palavra,
um acorde
E eu sendo
intérprete
Componho a
poesia
Que é a
harmonia
Assim bem sei
Que música é a
poesia cantada
E poesia é a
música proclamada
Só a só
Se a tenho
Nada tenho
A querer
Tua ausência
É essência
De crer
Se a vejo
Só desejo
A alma grita
Tua distância
Faz
concordância
A fé finita
Tanta
confiança?
Onde a
esperança
É amor
Amor distante
Na falta,
confiante
É dor
Se a tenho
Nada tenho
A querer
É melhor a
ânsia
Em sua plena
constância
Enquanto ser
Quero te querer
Só
Risco
O risco que
corre no papel
Corre na vida,
corre no cerol da pipa
O risco que se
corre
Corre como
risco curto imprevisto
No tom claro e
sinistro
Do papel
descartável
Do céu estável
Quem arrisca
corre o risco
Quem se risca
também
O ponto
É ponto de
partida
Pingo no papel
Tinta da vida
O risco
É brincadeira
de criança
Rabisco no
papel
Na vida,
esperança
Riscar é
arriscar no risco que se corre
No papel misto
que encosta a linha
Na palavra do
risco, no risco da palavra
Se corre do
risco só correndo risco
Talvez
Por que você escreve?
Você sabe por que eu escrevo?
Por que escrevemos?
Talvez para desabafar o que a
boca cala, e a alma fala
Talvez para tentar ser o
intérprete dos sonhos, pensamentos,
conceitos e sentimentos
Talvez pela glória de poder
ser o compositor
Talvez porque nos sentimos
tão só e para povoar nossa solidão
Escrevemos aquilo que a
solidão cochicha ao nosso ouvido
Preenchendo assim o vazio que
a vida deixa em cada dia
Como a volúpia de pensamentos
fulgurantes
Como o véu sobre os
pensamentos errantes,
Talvez escrevendo se sinta
importante,
Mesmo acusando aquele
ignorante, ou até mesmo
declarando-se para uma pessoa
importante.
Não sei, pode ser,
Há tantas formas de escrever
Mais o que realmente revela?
Se somos apenas adubos, o que
vira como sentinela,
e cultivará nossas escritas,
talvez até se tornem malditas
E mesmo com o nosso
pensamento ingênuo
Elas produzirão flores e
venenos...
De fato amigo, talvez seja a
esperança que nos promete abrigo
junto das letras mortas, como
um mendigo atrás da porta
deseja receber a moeda para
saciar sua fome
e nós talvez deixaremos algum
nome
quando alguém ler nossas
linhas
escritas em noites vagas como
as minhas
Como um eco, talvez o ecoe,
Como o reflexo talvez mostre,
Se bem saciar, talvez soe,
Talvez sejamos mestres, (quem
diria?).
Talvez um dia como
cancioneiros, mostraremos a essência.
Faremos enxergar (aos homens)
que estão no cativeiro,
E que regozijando de ilusão
comemoram a própria falência
Por que nem sempre quem tem
que falar mais alto é a consciência.
Paciência
Pra que te
oculta quando a ira insulta?
Eu te procuro
em todo lugar
Mas não a tenho
pra te procurar
É aSim mesmo !(?)
E
que atire a
primeira
letra
quem
nunca
errou
o
português!
Incógnita
Á
meu querido amigo Ricardo Ramos
E
a poesia me visita bem viva!
Quando
não muito emotiva
Penso
que possa estar morta
Mas
quando vejo as vagas lembranças
Ressuscito
as falecidas esperanças
Recordando
que ela vem sem bater na porta
Tentei
já escrever poesia sem ela estar comigo
Mas
em vão tento, pois penso eu meu amigo
Que
quanto mais a quero mais fico sem
Pois
quando desejada fica calada
E
quando não lembrada
Eis
que vem...
E
de onde? Onde ela se esconde?
Penso
eu que isso nenhum poeta e ninguém
Sabe.
Ela é ainda algo infinito
Estranho,
indefinido e bonito
E
como você já dizia: “sei que às vezes não vem...”.
Como já ditava o ditado
Padeiro não
precisa gostar de pão
Nem todo médico
é bom do coração
Tão pouco o
vidente se livra do futuro.
Toda ferida
deixa cicatriz
Todo bom sábio
já foi aprendiz
E cabeleireiro
também tem cabelo duro
Pedreiro mora
de aluguel
Piloto não mora
no céu
Jardineiro às
vezes não tem jardim.
Como policial
chora
A mamãe também
namora
E nem toda
história tem fim
A barata da
vizinha pode não morrer
O bonzinho pode
não o ser
Os santos
também cometeram pecado.
A própria
paciência se perde
O Brasil não é
só verde
Basquete também
se joga sentado
O relógio não
se preocupa com a hora
O futuro não é
mais agora
Pois o fim da
palavra já é passado
Como o guarda
chuva fica molhado
Homem também
chora
E antes que eu
me esqueça
Casa de
ferreiro o espeto é de ferro...
Migalhas
Momentos
amáveis,
Na pauta da
vida, viraram musica
Cada beijo soou
como uma nota ao ouvido
No sentido de
quem compunha
Um sentimento
Segundos,
Converteram em
cicatriz
No corpo que
ficou calado
Por estar
feliz, apaixonado
Hoje recordação
Sobrou
compaixão?
Estrela
solitária
Brilhou no teu
céu
No oculto tu
foste um véu
Queria eu ter
sido amado
Assim como fui
enganado
O que sobrou?
Talvez tua
amizade
Ver-te dentre
grades
Em que consiste
me ver triste?
Há saudades...
Teu olhar
Ainda é meu
reflexo
Hoje complexo
Pois,
Antes era o
caminho que me guiava
Hoje é o
caminho que procuro
Sozinho, no
escuro...
Momentos
impetuosos,
Que na pauta do
presente compõe com falhas
Cada segundo
soa sons tenebrosos
E assim condena
os versos feitos
De migalhas...
Poeta embriagado
E I
V C
A I
VAMOS?
D C
B B
E K I
Tédio
Fez?
Se eu fizesse,
você faria?
Façamos pois...
Mas o que?
Não sei,
Hoje não
Tenho nada
Para
Fazer.
Quero ser uma criança
Que
me seja a criança
O
reflexo de uma criação
Que
raciocina com a esperança
E
age com o coração
Que
assim seja eu também
Um
ser humilde a todo olhar
Sendo
isso, e mais além
Quero
assim como ela poder cantar
No
barro, na areia, na lama
Estar
com a roupa suja o dia inteiro
Derramar
os prantos no momento em que a mãe chama
Para
entrar pra casa e ir direto ao banheiro
Comer
no chão com as mãos sem lavar
Dormir
ao som de uma canção de ninar
Elevar
uma singela oração a Deus
Talvez
somente: “cuide de todos os irmãos meus...”
Não
sei... Queria somente não poder saber
Tudo
o que sei e que me faz tal soberano
Eu
queria de nada ter consentimento
E
privilegiar somente o meu sentimento...
Marionete
Manipula-me ao
toque dos dedos
Os mesmos que
me contam segredos
Os mesmos que
se encaixam em minhas mãos
Manipula-me no
momento em que me olha
Até quando com
suas lágrimas me molha
As mesmas
lágrimas que por mim chora
As mesmas que
me perseguem quando você vai embora
Quando o
sorriso brilha mais forte que o sol
E a palavra soa
mais forte que o vento
Manipula toda
minha mente em prol
De um concreto
e puro sentimento
Manipula-me no
entendimento que não entendo
No ato que não
atuo
Em tudo que eu
sinto
Em tudo que
procuro...
Momento de ilusão
No
tardar da noite escura
Vagando
livre pelas ruas
Conversando
só, fazendo juras
Olhando
para tal cidade nua
A
mesma que anseio
Sobre
o seio
Não
sei ao menos o que vivo em busca
Talvez
por essa vida brusca
Eu
tenha me sentido um homem vil
Naquele
silêncio escutei um piu
Pensei
que fosse a felicidade
Bobagem...
Era um pintinho.
Tu ó morte
E que tu não
tenhas o poder de apavorar
Que tu não
esqueças que foi vencida
Que se tornou a
passagem para a vida
Onde ansiamos
tanto estar
A cada segundo
é um passo
E mesmo assim o
tempo não é escasso
Pois assim como
disse Ele: Jesus:
“Vale mais um
dia nos teus átrios que mil dias fora deles”
Dia de prosa
Á meu amado pai Célio
Ele
olhou meu pé
Pra
ver se eu muito andava
E
pra ver se ele brincava
Eu
o zombei
Mas
depois não se ele calava
Por
isso então parei
Depois
não aguentei e continuei:
Eu
sorria
Ele
brincava
Eu
bebia
Ele
amava
Ele
bebia
Eu
sonhava
Ele
sorria
Eu
brincava
Bebeu
e sonhou
Brinquei
e sorri
Lembrou
e chorou
Senti,
persisti
Ele
foi embora
Eu
fiquei
Ele
esqueceu
Eu
lembrei
Senti,
persisti
Ele
morreu
Eu
vivi
Não.
Ele viveu
Eu
que morri
Na
verdade nós morremos
E
sorrimos
Sentimos
E
sentiremos
falta desse dia de prosa...
Poema sublinhado
Preto
Branco
Preto
Branco
Preto
...
?
?
?
Z E
B R O
U !
Vitória
Á minha amada irmã Vitória
Teu
nome não esconde tua glória
És
orgulho,
VITÓRIA!
Na
poesia bela, com palavra sã
Descrevo
a tua importância, ó minha irmã
Sangue
do sangue meu
Escutar
o eco teu
É
bem saciar a fome de alegria
O
que vem de ti, é o que contagia.
Doce
é teu jeito
Que
veio desde o leito
Como
ancora lançada ao mar
Lançou
assim você algo em mim
A
ponto de aprisionar
Meu
carinho
Minha
ânsia de não querer ficar sozinho,
Por
saber quão bom é ter uma pessoa assim
Meu
orgulho por ti grita
Em
teu nome ecoa e volta ao meu ouvido
Minha
mente vibra, brada glória.
Eleva
louvores a Deus:
“Por
os bens feitos seus”
Tal
como a ti
Vitória.
Consequência
Certas atitudes
resultam em conseqüências que você não esperava
O que você
espera certamente é o mais difícil de acontecer
O que acaba
acontecendo é a realidade que você tem que aceitar
Se você aceita
fica triste. E se fica triste não está aceitando
Quando está
aceitando, tenta esquecer.
Se esquecer,
sem desejar acaba lembrando.
Assim então não
esqueceu
Quando não se
esquece, sente as magoas das atitudes
Atitudes que
resultaram em conseqüências que você não esperava.
Composição
São
os momentos
Que
na pauta da vida viram música
Cada
qual soa como uma nota no ouvido
No
sentido de quem compõe
Uma
magia melodiosa
Natural
ou sustenido, até mesmo na pausa
A
vida clássica compete com a moderna,
Como
mágica, em busca da nota eterna
E
quando soa o vento rouco
Inspiro-me
no estilo barroco
Já
soando a trombeta no palácio
Recordo-me
as lições do tempo clássico
E
assim cada segundo, cada compasso
Torna-se
ritmo fecundo em acorde escasso;
Compor
mais sem espaço,
Cada
nota é um passo.
E
caminhando pela grade,
Deparo-me
com instrumentos
Transbordo
sentimentos
Revelo
pensamentos
As
ânsias... Talvez quem sabe por um dueto perfeito: Eu e Ela,
Com
paixão, amor, ternura,
Nada
melhor seria pra sina ficar mais bela
Sonhos,
planos, desejos...
O
acorde de meus pensamentos vejo,
Meio
moderato, ou talvez eu nem consiga acompanhar
O
diário que minha música escreve
É
num caderno aprendiz, onde desenho as mínimas, semínimas,
Colcheias
e semibreves...
Sem
importar com canhoto ou destro,
O
que me capacita é quem me rege
Por
Ele, meu maestro,
Que
tenho essa vida, que vivo essa canção
Em
busca do mar, gota a gota,
Vivo
a desenhar, cada dia uma nota...
Desigualdade
Na memória
consiste
Micro Macro
Rico Fraco
Insiste.
Lembranças
Nossos
versos
Nossas
vozes
Nos
lábios
São
imersos
Várias
vezes
São
Sábios
Vosso
sucesso
Suspeito
confesso
Que
seu progresso
Ainda
é um processo
Que
passa, e caça versos.
Esses
são aqueles
Dos
quais não lembro mais
Olhe
para trás
Passou,
tanto tempo faz...
Pessoas
que passaram
Pela
possa, ficaram na fossa
Pelo
rio, escutou-se um assovio
O
som ficou escasso
Sumindo
passo a passo
Esqueci,
fiz-me de palhaço.
Nossas
lembranças
Nossas
esperanças
Nos
meus versos
São
imersas
Várias
vezes
São
sábias...
Tempo, tempos...
Tanto vive
Tanto passa
E tal se prive
Da longevidade
Da teologia
escassa
Tudo passa tudo
passa...
Veja como já
passou!
Olhe como está
passando!
Foi o tempo que
restou...
O que se guarda
não passa
O que se passa
não se guarda
Guarda só o
passado
Passa só o
guardado
Incertos
pensares: tais esperanças...
Incontroláveis
passagens: ditas lembranças...
Se passa não
vejo
Se vejo é
porque já passou
E se recordo o
tempo passado
Passo o tempo
recordando
Relembrando o
que não volta
Volto só
lembrando
Esquecendo de
lembrar
Lembrando de me
esquecer... O tempo passa, passa...
Preguiça
Há
preguiça desgraçada!
Por
tua culpa muito não fiz
Muito
dormi, comi e descansei
Os
dias ficaram longos, e quando se diz
Respeito
a Deus, por tua culpa muito pequei.
Há
preguiça desgraçada!
Se
eu pudesse te matar... Há eu mataria!
Você
não me deixa em paz!
Olha bem o que você faz,
Eu...
Eu...
Eu...
Nã
o
Es t
ou
con se gui nd o
Es
c re ver...
Espere
ai um minuto...
Vou
dormir,
Já
volto.
O verbo
Amar,
Provar,
Respeitar
E
Eternizar.
Conjugar
Todos os verbos
que ajudem a descrever tal amor.
Relógio
Passa tempo,
tempo passa,
Seja depressa,
seja devagar,
Relógio
trabalha dia e noite
Dia e noite sem
parar.
Dependendo de
onde estamos
O tempo
corresponde
E então
pensamos:
Em lugar não
desejado, o relógio trabalha quase parado,
Em lugar
gostoso, corre como se estivesse atrasado.
ATRASADO!
Nessa hora o
relógio da vontade de quebrar
Mas se não
fosse ele, como na hora certa iríamos chegar?
A verdade é
assim
Se o dia foi
ruim,
Queremos logo o
fim.
Mas se o dia
foi bom
Queremos que o
relógio pare por um tempão!
A nossa
vontade, contra ela,
Depressa ou
devagar
Se a bateria
não o derruba
Gira o mundo
sem parar...
Egocentrismo
Toda matéria
bruta egoista é
Pois onde uma
fica a outra não coloca o pé
Pincelou uma
arte dita
Como a arte da
proeza
Ao quadro deu
nome vida
E a moldura
natureza
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