08 dezembro 2015

Nada além

Nada além de cócegas me faz sorrir
Um toque sem sentimento
Um sorriso sem fundamento

Nada além de cebola me faz chorar
Um ar contaminado
Lágrimas sem respaldo

Nada além do sono me faz sonhar
Uma esperança inconsciente
Sonho inconsequente

Nada além do além me faz viver além de mim










Mosca

Uma mosca mais leve
Que leve uma asa
Que se debata no ar
Ferindo a gravidade
Numa acentuada velocidade
No pleno direito de estar

Uma mosca mais tosca que eu

Mais veloz que um avião
Mais espreita que o camburão

Uma mosca sanguinária
Desenha quadros de sangue meu

Enquanto seu canto em meus ouvidos soar
Enquanto diante de mim se por a bailar
Irei aplaudi-la








Amortecer

Tecer amor
Amortecer
A morte ser
Amortecer
Ser amor
Amortecer
Tecer a morte
Amortecer
Tecer e ser
Amortecer
Amor e ser
Amortecer

Amor-te-ser-mais

Amortecer
Amortecer
Amortecer

Amortecer...










Mais que nada

Máquina, máquina, máquina, máquina
Máquina mente
Maquina mente
Máquina, máquina, máquina, máquina
Máquina e mente
Máquina e mente
Maquinamente
Maquinamente

Maquina ta
Maquina ta
Maquina ta parada pra exterminar
Maquina da
Maquina da
Maquina da nossa espera germinar

Mínima máquina
Mínima máquina
Mínima máquina
Minimamente máquina

Quanto mais maquina
Mais mente
Mais mente maquinada
Mais morte de mente
Demente minimamente maquinado

Nas manobras da mente maquinada












Cabeça de fósforo

Explode tua cabeça
Na contramão do risco

Que se corre










Do berço ao túmulo

Caminhei (...)










Dois em um

Singulares está no plural?
Você está em mim?










Dopamina

Equilibre o calibre
Da dopamina
Calcule o caule
Da planta
Introduza a musa
Na arena
Ao semear o ar
Da terra

Cultive o culto
Do canto
Tateie a teia
Da aranha
Desdobre o dobro
Do necessário
Fomente a mente
Da certeza
Saboreie o ápice
Do apetite
Bendiga e diga mais
A seriedade
Pratique no pique
Do atípico
E amorteça a morte
Do teu ser










Gado

Obrigado a brigar pelo gado, pelo ar
Pelos pelos obriga(do) estar
(A)trair crianças inocentes
Sem ti(r)
Jovens delinquentes
Em todo e qualquer canto
Obrigado










Palco

Arte(fatos)










Cibernético

Chutando o vento
Olho para o além
E um prédio vai a frente

Modificaram minha célula
Passei a chutar o ar
Com os olhos na tela do celular

E as lojas me bombardeiam
Eu sei que preciso do produto
Devoro com o olhar, e o ar eu chuto

Me ofereço ao mercado
Inteligente e malhado
Impune a todo alheio insulto

É caô do cais, é o caos do cão
O cibernético corroendo o real
O real corroendo a realidade

Sangra a verdade
Nas dores da felicidade
Quanto mais prazer o corpo anseia
Tanto menos alma a vida invade